VIAGENS NA MINHA ESCOLA
Parar, contemplar, ouvir, ver o silêncio…
Descobrir,
Andar , passear…
É neste ritmo que, de vez em quando, largamos a sala de aula, deixamos para trás os nossos lápis e canetas e livros e vamos pela escola, juntos, a conversar.
Desta vez, parámos numa Exposição de Fotografia, bem perto da sala da Direção.
Deambulámos por entre cores, paisagens, pessoas, afetos que outros eternizaram.
Lemos a Folha de Sala em conjunto.
Sentámo-nos, ouvimos uma música de pura guitarra portuguesa… e, no coração, elegemos a nossa fotografia preferida.
Tirámos uma fotografia à Fotografia eleita.
Voltámos para a sala e escrevemos um texto narrativo a partir desta viagem pela nossa escola!
Esperamos fazer muitas mais! (Elvira Zanatti)
E, de Viagem em Viagem, deixamos-vos com:
Não é a Lagoa, é ela
E lá estava eu, outra vez. Mais um fim de tarde na minha lagoa.
Nunca foi fácil viver basicamente sozinho. Isto, porque a relação que eu tinha com os meus pais não era das melhores, e amigos… bem, amigos também não. Acabava sempre por me afastar das pessoas, ou então por afastá-las de mim. Consegui criar uma paz interior e não precisava de mais ninguém, achava eu.
Passava todas as tardes na lagoa, perto da minha casa. Adorava o espelho que a água criava. Parecia que aquele céu rosa e roxo, laranja e amarelo estava em todo o lado.
Era ali que todos os meus problemas e pensamentos indesejados desapareciam. Era ali onde me sentia especial, porque ninguém ia para aquele sítio, e eu sentia que a lagoa era só minha e que eu pertencia à lagoa.
Um dia, sentei-me na minha pedra e pus os pés dentro de água. Tenho de dizer que apanhei o susto da minha vida, mas quando me virei, estava uma menina sentada ao meu lado. Fiquei no meu canto, um pouco perturbado, no entanto ela começou a conversa:
– Também vens cá todos os dias?
– Todos os dias?- respondi confuso.
– Sim. É normal que nunca me tenhas visto, nunca deixo que me vejam.
E assim continuou a conversa…
Tenho de admitir, ela tornou-se na pessoa mais importante da minha vida, no meu único suporte. Éramos os dois, os isolados fora da norma, e nós completávamo-nos…
Hoje continuo a ir à lagoa. Porém quem resolve os meus problemas não é a lagoa, é ela.
N.º 14; 9.ºB