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O Lugar às Ideias, por Álvaro Laborinho Lúcio

 UMA ESCOLA COM PAREDES EM BRANCO*

Abertas as portas, eis que chegam as alunas e os alunos. Crianças, jovens, cada um à medida das suas fantasias, trazem as suas capacidades, que vêm pôr ao serviço do conhecimento e das competências que a Escola lhes promete.  
Assim, o primeiro esforço há-de ser ali dirigido à identificação de tais virtudes, e ao correspondente desenvolvimento, sobressaindo a importância do relevo a conceder à cultura da criança e do jovem e ao respeito por esta, como referência do modelo educativo e como metodologia marcada também por exigências de eficácia estruturada na melhor expectativa de adesão dos alunos, pressuposto fundamental de uma aprendizagem bem-sucedida. 
Perante aquele desejo-de-ser, motor de todo o interesse na infância, onde liberdade e deslumbramento se fundem num todo único, a Escola, que não pode prescindir do seu objectivo de educar para a ordem, para uma ordem justa, jamais pode, nisso fundada, reprimir o impulso criativo, a genuína vontade de implicação manifestada pelos alunos.
É essa a verdadeira Escola. Uma escola-de-paredes-em-branco, aberta para a grande chegada das crianças e dos jovens, portadores de todos os sonhos. E então, serão esses, os sonhos dos alunos, enriquecidos na sua diversidade, numa imensa policromia, num estridente hino à esperança e ao futuro, que gravarão, em cada ano, nas paredes da escola, e para sempre, nas suas «almas», o registo daquilo que, um dia, muito mais tarde, lhes permite recordar, com saudade e reconhecimento: a minha escola.   

*Texto escrito de acordo com o antigo acordo ortográfico.