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AFINAL, A DANÇA TEM MUITO PARA VER, OUVIR, SABER

(Originalmente publicado em novembro / dezembro 2021)

No âmbito do projeto RADIO[GRAFIAS] IGUAIS, uma parceria entre a Associação Dança em Diálogos e o Agrupamento Vertical de Almeida Garrett, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, BPI e Fundação La Caixa, em desenvolvimento na Escola Básica do Alto do Moinho, iniciou-se a formação para os docentes da Educação Pré-escolar e do 1.º Ciclo do Ensino Básico.
Nesta primeira sessão, além de ter sido feita a contextualização da formação no âmbito do Programa Cultural do Agrupamento-Liberdade para Criar e do Projeto: Programa PARTIS, falámos no modelo de formação situado nas práticas, as quais enfatizam: I) as dimensões múltiplas – fundadas nos processos de Fruição-Contemplação; de Interpretação-Reflexão e de Experimentação-Criação, não privilegiando apenas o “Fazer”, de per se; II) a lógica de Ciclo – princípio que vem desmistificar algumas representações sociais e pedagógicas, fundadas na idade como fator determinístico da aprendizagem no acesso às diferentes formas de arte; III) o grau de dificuldade – pela consciencialização de que a apreensão dos saberes nestas áreas  se situa ao mesmo nível de outras, designadamente: português, matemática, tornando o conhecimento acessível às crianças de um modo simples, sem  a “infantilização” e a utilização de “estereótipos” ; IV) o valor da arte em si mesmo –  consideração de que as artes são  áreas do conhecimento que possuem saberes para serem aprendidos e ensinados, evitando que estas sejam “ auxiliares” de outras consideradas socialmente “úteis”.
Este conjunto de pressupostos foram reafirmados, em alguns exercícios práticos, por Fernando Duarte, bailarino e coreógrafo, mostrando como os conceitos basilares da dança podem ser trabalhados com as crianças.
Reforçou ainda que a técnica é um meio de colocar o corpo em ação na sua plenitude, desviando-se da «velha» dicotomia entre razão e emoção, relembrando José Gil em Movimento Total: O Corpo e a Dança.( 2001):  A dança não exprime, portanto, o sentido, ela é o sentido (porque é o movimento do sentido).
E, já no final, convidou-nos a ver SERENADE (1935) de George Balanchine (1904-1983). É também este o convite que vos deixamos, caso queiram, disponível aqui. Afinal, a dança tem muito para ver, ouvir, saber. E, é por isso que insistimos na ideia de que as artes se organizam através de processos sistemáticos e continuados de ver – fruir e de experimentar criar.
Formação | Dança. Foto de Elisa Marques.