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"MUSEU DA BELEZA DAS COISAS"

27- 29 nov. (ano letivo 2019-2020)

Aqui está o nosso Museu: O “MUSEU DA BELEZA DAS COISAS”.

De casa trouxemos caixas brancas, frascos de vidro sem rótulos, botões, tecidos, chávenas, pratos, frigideiras, talheres, tigelas, tecidos, molas da roupa e brinquedos.  

Com as pontas dos dedos fomos à Fundação Calouste Gulbenkian ver o “Centro de Arte Moderna”. Um “pé cá e outro lá” fomos até à Turquia. Aterrámos no aeroporto de Istambul. Vimos museus bem pertinho de nós.  Os olhos corriam atrás de umas setas que nos faziam andar de sala em sala.

Vimos muitas peças: umas no chão, outros na parede, mas surpreendente foram aquela bola branca colocada dentro de uma mesa[1]  e uma palavra feita de rádios[2] no “Centro de Arte Moderna” e as loiças e os guardanapos que vimos no “Museu da Inocência”, em Istambul”.

Chegados a Lisboa construímos as nossas “obras”, mas antes… brincámos mexemos e remexemos nos objetos. Experimentámos ideias que íamos construindo, em grupo. Fizemos as nossas coleções.

O tempo estava chuvoso e o espaço onde estavam os nossos objetos tinha de receber os meninos/as, pois no recreio não podiam estar. Passávamos por ali e passeávamos o olhar pelas cores e pelo que ia nascendo… Nada saiu do sítio.

Conversámos com os companheiros e professores.  Foi uma “roda-viva”. As ideias do início iam ganhando forma.

– Uma confusão?

Não! Foi o processo de construção do nosso museu. É assim em todos os museus… quando se faz uma exposição.

Continuámos… e “das ideias foram nascendo outras ideias”[3]. Nasceram tantas outras Coisas!

Nasceram: “PONTOIÇAS”. Nós achamos que não sabem o que é… explicamos quando estivermos na exposição convosco.  Tentámos arranjar títulos que fizessem pensar… Mas é feito de loiças.

Também de loiças e talheres fizemos “EQUILIBRISMOS”, uma “AVALANCHE” e um “ROBÔT- LOIÇA”. Foi bem difícil. Podem acreditar.

– Já vos tinha passado pela cabeça fazerem estas Coisas?

-Talvez não. Nós entendemos.

Construímos muito +++++ Coisas com os nossos objetos, que agora estão num museu da nossa escola.  São as nossas Instalações[4].  

E são Coisas Belas. Sim, são Coisas Belas. Fomos nós que as imaginámos, pensámos e “corporizámos”.

Numa “MESA BRILHANTE”, que talvez caiba numa “COZINHA DE BOTÕES” misturámos pratos, talheres, cores e muito brilho. À espera tínhamos uma deliciosa “CANJA COR-DE-ROSA”. Outras “VARIAÇÕES NA COZINHA” idealizámos. Foi tudo uma “OBRA DOS TALHERES”!  Não faltou também um “ROBOT ÁRTICO”feito com o branco da loiça. Neste mundo imaginado em que o real deixa de ter importância.

Aqui oferecemos-vos outras realidades. Assim surgem outros Mundos: “VENOVOS” é um mundo feito de brinquedos que eram velhos e agora são novos para nós, porque ganharam outros significados. Podem ser “BRINQUEDOS SEM MEDOS”, que se transformam em “BRINQUEDOS MÁGICOS” e que ficam seguros e em equilíbrio numa “RAMPA DE BRINQUEDOS”. Eram mesmo BRINQUEDOS RADICAIS”.

Houve muita magia… reflexão e atenção. Cada pormenor foi estudado, mesmo que às vezes o rebuliço se instalasse. Era o corpo a falar e a pensar em “AQUATÕES”, uma mistura de água com botões, na “FRASCOLÂNDIA” ou num “MOINHO DE VIDRO”, que ao longe poderá bem parecer os guerreiros de Cervantes em D. Quixote de la Mancha.

“TECIQUADI” é uma pintura feita de cores e formas de “TECIDO(S) MÁGICO(S)”, que de tão mágicos que eram se transformaram numa  “PIRÂMIDE DE TECIDOS”.

– Quantas viagens fizeram estes objetos?  De sós que estavam em casa de cada um, agora neste trajeto ganharam outra vida. A deles e a que nós lhe demos.  Para espanto nosso a “FORMAMOLA” nasceu perto de uma “CASA DE TÉNIS”.  Se virarmos à esquerda e depois seguindo em frente vai aparecer a “CASABRINCA” que é um mundo maravilhoso ainda por descobrir.

 Decidimos que um dia haveremos de lá ir. Já marcámos o bilhete.  Apanharemos o avião em AR(Te)PORTO 3.0. Quando chegarmos à “CASABRINCA” teremos atenção em OLHAR DE PERTO PARA VER MAIS LONGE…

É assim que nascem os Museus da “BELEZA DAS COISAS”.

Elisa Marques (Nov. 2019)    

[1] S/ Título. José Pedro Croft. 1993. Inv. 94E340. https://gulbenkian.pt/cam/works_cam/s-titulo-156640/

[2] No Saying Yes. Rui Toscano. 2003 RádioRádio-gravador portátil e SomLeitor MP3 Instalação Sonora Inv. 13E1745https://gulbenkian.pt/cam/works_cam/no-saying-yes-137516/

[3] Munari, Bruno. (981). Das coisas nascem coisas. Lisboa: Edições 70.

[4] O termo instalação foi incorporado ao vocabulário das artes visuais na década de 1960. Pode ter um caráter efêmero (só “existir” na hora da exposição) ou pode ser desmontada e recriada em outro local (…)