As Artes no Currículo : Um Cruzamento de Saberes
(Originalmente no boletim de maio / junho 2022)
Visita ao Museu Amadeo de Souza Cardoso
No âmbito do curso de formação “As artes no currículo: Um cruzamento de saberes”, destinado a todos os grupos disciplinares dos 2.º e 3.º ciclos de ensino, viajámos até Amarante e deixámo-nos encantar com o Museu Amadeo de Souza Cardoso.
Movidos pela ideia de Viagem, enquanto lugar de troca de experiências e de aprendizagens, percorremos o caminho animados pelas conversas de quem não tem tempo de se encontrar em outros dias. Durante as horas de viagem tivemos tempo para falar sobre os nossos quotidianos, deixando, para trás, paisagens, por entre as janelas do autocarro.
Entrámos debaixo de uma de uma brisa quente e fomos recebidos calorosamente pela equipa do Museu. Foi como se nos sentíssemos em casa.
E os sentidos da viagem foram ganhando forma.
O essencial dos caminhos da vida e da obra de Amadeo foi-nos contado pela voz de quem nos orientou a visita.
E, nós, sempre de olhos abertos para os «mundos possíveis» de Amadeo.
Fascinou-nos a «irrequietude» e a irreverência de Amadeo quando, através de uma leitura coletiva, da obra sobre o pintor, de Rui- Mário Gonçalves (1934-2014), pudemos recordar o que Amadeo escreveu no Jornal O Dia, em 1916: (…) eu não sigo escola alguma. As escolas morreram. Nós, os novos, só procuramos agora a originalidade. Sou impressionista, cubista, futurista, abstracionista? De tudo um pouco (…) ».
Talvez a expressão de «De tudo um pouco» seja um modo de nos dizer que o seu mundo se abriu a múltiplas possibilidades. Não se limitou a observar as «modernas» tendências que os pintores à época utilizavam para romper com os paradigmas do passado. Optou, sim, por se abrir a outros «mundos possíveis». E parte em viagem, sempre em busca de coisas que quer ver, sentir e olhar… sempre em viagem, pois, para ele, a «Viagem é o grande livro do artista».
Passeámos pelo museu. Parámos, sentámo-nos na nossa sala de Amadeo. Misturámos as conversas com as obras, em momentos plenos de informalidade. Experimentámos misturar cores e desenhar traços para darem forma às nossas ideias.
A fluidez do tempo enganou-nos. Quando demos por nós, estávamos na rua, com as roupas e as mãos cheias de cor, numa grande azáfama, misturados com as pessoas que vinham para a Festa de Amarante, E continuávamos a pintar.