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SEMPRE PRESENTE | FERNANDO NEIVA

SEMPRE PRESENTE

A exposição que partilhamos convosco, inaugurada já há algum tempo, é uma homenagem a Fernando Neiva.
Deixamos-vos com os detalhes desta iniciativa do Agrupamento, com um vídeo e a Folha de Sala da exposição, em homenagem a um professor que esteve «SEMPRE PRESENTE»,
Vale a pena conhecê-lo. Não deixem de ler e de o ouvir.

Inauguração "Sempre Presente | Fernando Neiva". Foto de Nuno Nunes.

Fernando Neiva nasceu em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, numa época em que havia racionamento. Conta-nos que, com 9 anos, em 1951, não se podia jogar à bola na rua. Era proibido. E para ouvir rádio também tinha de ser baixinho.
Outros tempos…
Também não se “livrou” da guerra do Ultramar e foi em Moçambique que fez o serviço militar.
Coisas tristes, diz-nos ele, mas sobre as quais não está interessado em falar.
Apesar destas circunstâncias, lembra-se de ter uma infância e juventude muito felizes.
– Fui sempre feliz em cada época – conta-nos com o rosto inundado de vida.
É com um sorriso largo e olhos brilhantes que nos contagia com a sua paixão em inventar e construir coisas com tudo o que lhe aparece, mesmo que seja a partir de um prego velho. Foi sempre assim, desde criança. De uma coisa cria outra e inventa sempre.
-Todos os dias invento – diz.
Recorda o cheiro a madeira de uma serração que existia perto de sua casa e dessa memória surgem as imagens dos brinquedos que construía.
Da infância conserva também o gosto em «guardar tudo». Era, como nos diz, “Um Guardador de Coisas”, colocando-as em caixas e gavetas que se foram preenchendo de lugares, de pessoas e de tantas recordações.
Recostado numa cadeira no espaço que, a partir de hoje, se passa a designar “Fernando Neiva”, afinal sempre foi dele, revive os momentos em que o seu pai queria que ele tirasse o curso de Engenharia. Mas não era isso que ele queria…
Também não pensava em ser professor…
Um dia, ia na rua, encontrou um amigo, por mero acaso, que lhe disse que havia falta de professores e havia vagas para professor de Trabalhos Manuais.
E, um ano depois, aos 18 anos, fruto deste acaso, iniciou a sua carreira de professor, que nunca o haveria de deixar sair da escola.
Passou por várias escolas. Foi na Eugénio dos Santos que se profissionalizou, mas foi aqui, na EB2/3 Almeida Garrett, em 1986, que se haveria de tornar SEMPRE PRESENTE.
De 1986 até hoje, nunca deixou de vir, ainda que em 2001 se tivesse aposentado, mas voltou para cá outra vez.
Há trinta e seis anos que nunca deixou de cá estar…
Emocionado, diz que «A raiz da sua existência é a escola», é a sua SEGUNDA CASA, onde vem todos os dias e se sente feliz por estar Aqui.
É, na sua segunda casa, que estão reunidas em algumas das suas coleções: brinquedos, caixas de fósforos, cassetes VHS, canetas, postais, que o fazem recordar os espaços vividos, os tempos felizes e as pessoas que habita(ra)m a sua viagem feita de tantos instantes.
E de acasos…
Cada uma delas tece um pedaço de vida com os fios das memórias que atravessam com palavras e imagens o olhar dos tempos. “De uma vida plena de entusiasmo”, como nos conta.
Já no final da nossa conversa, recosta-se ainda mais na cadeira, como se faz numa casa que é nossa, deixa passar uns instantes, como se se preparasse para falar com todos os que habitam e habitaram a escola. E, com um olhar a transbordar de verde, sorri e deixa fluir o pensamento:
– Fiquei e estou bem… Gosto das pessoas. Sou muito feliz, Aqui… SEMPRE PRESENTE.