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Aprendi a não ter receio de arriscar...

Fotos de António Limpo. Orientação de Elisa Marques.

(Originalmente publicado em julho 2022)

APRENDI A NÃO TER RECEIO DE ARRISCAR…
 
” (…) Como demos nota na última edição,  foi concluída  mais  uma etapa do percurso formativo, iniciado  em 2019, com as Ações: as «Aprendizagens Essenciais na Educação Artística»,  destinado aos docentes da Educação Pré-escolar e  do 1º ciclo e «As Artes no Currículo: Um Cruzamento de Saberes», frequentada pelos docentes 2.º e 3.º ciclos, no âmbito das ações desenvolvidas  no eixo de intervenção – Formação em contexto de trabalho- , inscrito no Programa Cultural de Agrupamento – Liberdade para Criar. 
Procurou-se,   por um lado,  continuar a aprofundar os conhecimentos nas diferentes áreas da educação artística para todos os docentes, e, por outro, experimentar metodologias que procuraram ensaiar o desenvolvimento  de cruzamentos disciplinares, através dos quais se estabeleçam relações entre os saberes, sem que esteja pré-estabelecida  qualquer hierarquia de uns em relação aos outros.
Em jeito de balanço, e da análise de conteúdo dos testemunhos dos docentes que participaram nas formações durante este ano letivo, partilhamos as dimensões  que estes consideraram mais importantes para o seu desenvolvimento pessoal e profissional, a saber: 

a) Representações sobre a educação artística – A conceção das artes como áreas do conhecimento, fundadas uma visão plural e interrogativa, que transcendem a própria área estrita dos saberes artísticos, em detrimento de uma lógica mimética, enquanto ilustração de temas, de dias festivos, ou das artes como  «auxiliares» das áreas do currículo  consideradas «mais importantes»; 

b) Desenvolvimento curricular– Maior consciencialização de que a educação artística, nas suas diferentes áreas, possuiu corpus de conhecimentos que deve ser ensinado, pressupondo objetivos, intenções e um trabalho sistemático, distanciando-se da ideia de que estas dependem do «jeito» e da inspiração, afirmando-se, assim, a importância da planificação, enquanto processo de decisão sobre os conceitos que se pretendem trabalhar e  quais  os melhores  meios de os colocar em prática;  
c) Metodologias trabalho – Aprendizagem de outros modos de trabalho, que permitam, por um lado, o desenvolvimento dos conceitos específicos de cada uma das áreas e possam possibilitar, numa fase posterior, cruzamentos disciplinares, sem que uns saberes exerçam uma relação de supremacia em relação a outros e, por outro, a importância na ênfase em práticas que interrelacionem dinâmicas que tenham por base uma tripla dimensão: fruição e contemplação; interpretação e reflexão; experimentação e criação, não se restringindo, assim, à aquisição de técnicas e ao «fazer»;  
d) Materiais e repertórios – As potencialidades  expressivas da experimentação de  diferentes materiais (o carvão vegetal, o pastel, entre outros);  e de repertórios (musicais,  teatrais, coreográficos, entre outros), fugindo à rotina dos materiais de «desperdício» na área das artes visuais e  dos repertórios que as crianças já conhecem nas outras áreas. 
Para complementar as dimensões que os docentes exemplificam como impulsionadoras de novas abordagens na educação artística e na educação, em geral, deixamos a voz de uma professora que resume a sua avaliação do trabalho realizado na formação:  
«(…) Destaco um conjunto de aprendizagens que certamente se vão revelar no nosso dia a dia: estima da liberdade para criar e da importância do diálogo e das interações na construção dos conhecimentos e evolução das aprendizagens; o significado de sensibilidade estética e o valor da apreciação crítica e pistas para que consigamos o seu desenvolvimento nas crianças, com êxito.
Tornámo-nos pessoas mais atentas e conhecedoras e, sem dúvida, teremos mais cuidado na preparação das experiências de aprendizagem que, no futuro, vamos proporcionar aos alunos; aprendi a não ter receio de arriscar.(Rita Cardoso, 20 de julho, 2022). (
Exercício “Planos de Cinema”, sessão DOC_, Orientador António Limpo. Professoras participantes Sónia Lisboa, Sónia Antão, Isabel Alves, Isabel Cristóvão, Ana Ferreira, Ana Vilar, Nádia Vasco, Cláudia Santos, Rita Cardoso e Susana Anselmo.

COMO SE PINTA UMA TELA EM BRANCO? 


Tudo começou por uma história. Mas uma história que NÃO começa por « Era uma vez». Sim, foram várias as sessões integradas nas Residências Artísticas de Cinema de Animação com quatro turmas: duas, do 2.º ano da EB1/JI  de Alfragide, sob a responsabilidade dos docentes Jorge Prata e Raquel Velez, e as outras duas, do 3.º ano, da EB1/JI  da Quinta Grande, da responsabilidade de Ana Reis e Natália Machado.
Pedimos a um menino para nos contar, de forma muito resumida, como tudo aconteceu na sua sala. 
É com  a sua voz que vos deixamos… 
– Primeiro, viajámos pela História do Cinema de Animação, com projeção de alguns filmes animados, desde os anos 20 do séc. passado, que o António nos mostrou. 
Divertimo-nos e ficámos a conhecer como foram feitos os primeiros «desenhos animados». 
No dia seguinte, ouvimos uma história e tentámos compreendê-la, através da conversa que tivemos em conjunto: os meus colegas, os professores e o António e a Elisa. Depois, dividimos a história em cenas e fizemos uma votação sobre a que mais gostaríamos de mostrar e contar num filme de animação. No nosso caso, escolhemos aquela cena em que o filho pergunta ao pai: «Como se pinta uma tela branca?».  
Dois dias depois, construímos as personagens e os cenários com argila e com plasticina de várias cores.  Mas é difícil… pensámos que era mais fácil…, mas adorámos. 
– Já estão cansados? Ainda falta contar-vos muitas coisas… 
– Demos vida aos nossos bonecos …  Como? 
– Depois explico melhor, pediram-me um resumo e já tive de deixar tantas coisas por dizer. Também fizemos o trabalho das vozes dos animais, dos sons do vento, da água, a locução das falas da nossa história, sim, porque agora é a nossa história que cabe dentro da outra história que NÃO começa por: Era uma vez.
Mais tarde, o António gravou-nos a  cantar como os pássaros, a  coaxar  como as rãs…. Tivemos de gravar os sons da água a correr num rio, do vento a fazer cair as folhas das árvores e nós a pisarmo-las e, também, as falas do menino e do pai.
Repetimos tantas vezes… não imaginávamos que era assim. É um trabalho muito demorado!
O António reuniu o material todo: imagens, sons e depois teve de fazer a montagem  da  cena que selecionámos. 
 Ainda conseguimos  partilhar com os pais no dia 4 de julho, às 17:30h, mas como  já não havia tempo de fazer a montagem e realizar  todos os filmes,  não  apresentamos aqui o nosso filme.  Será em setembro, prometemos. 
Boas férias e bons filmes.