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O CINEMA DE ANIMAÇÃO

Por António Limpo
 
Desde que a técnica da fotografia moderna foi inventada, no séc. XIX, que se percebeu a possibilidade da captação de imagem em sequência. Edward Muybridge e a conhecida sequência do cavalo em movimento, abriu as portas do Cinema, e, mais tarde, para a técnica do desenho em movimento, que se viria a desenvolver rapidamente nas primeiras décadas do século passado. O Cinema de Animação, que hoje todos conhecem, pelo menos desde os clássicos dos anos 30 e 40 do séc. XX, como Branca de Neve e os Sete Anões ou Pinóquio, tem vindo a reinventar-se e a manter o interesse, até a aumentá-lo, sendo hoje um tipo de cinema que agrada a todos os públicos de forma mais ou menos transversal.
As técnicas evoluíram, mas mantiveram muito daqueles primeiros anos. Uma das primeiras técnicas, a Stop Motion[1], que consiste em animar, frame[2] a frame, todos os elementos de uma cena , desenhados ou modelados (como personagens, objetos e até partes de cenários) continua a ser utilizada, quer de forma tradicional, quer de forma digital. Em sala de aula, é um processo que pode ser desenvolvido por crianças de todas as idades, desde o pré-escolar, com grande aceitação por parte dos alunos. Num tempo em que tudo é imediato, ou pelo menos, nos é feito crer que é assim, o desenvolvimento de animações através de uma história (ou excertos da mesma), o desenho ou a modelação de bonecos, de objetos estáticos e de cenários, a montagem desses elementos para serem fotografados e finalmente a visualização “em bruto” dessas gravações, traz grande surpresa aos alunos e até, muitas das vezes, um certo fascínio, por perceberem como tudo se processa, e, principalmente, por fazerem parte de todo esse processo e poderem ver o seu trabalho “em movimento”.
As crianças, ao conhecerem as obras, das mais antigas às mais atuais, e ao perceberem quais os seus elementos, passam também a olhar para uma qualquer animação de forma diferente, sendo capazes não só de fruir com o visionamento da mesma, mas também de perceber como foi feita, despertando indagações e novos conhecimentos.
Outro aspeto importante, no que toca ao Cinema de Animação, é o som. O som, que tão facilmente pode ser captado em sala de aula ou no exterior, no recreio ou em qualquer lado (todos temos um gravador de vídeo e de áudio connosco, o telemóvel), complementa o movimento conseguido através da animação dos bonecos, dando-lhes ainda mais vida e interesse. O som dos passos, o rio que corre lá ao fundo, o vento que bate nas folhas das árvores, os animais, ou as falas das personagens, são elementos da história que se conta, que ao fazerem parte dela, a tornam necessariamente mais rica. Nos diálogos, elementos importantes como a entoação e intenção são trabalhados. Não é só ler e interpretar, é muito também a forma como se lê. Nesta fase, é ainda dado a perceber aos alunos que mais importante do que gravar o som específico para cada momento, é indispensável gravar o som que faça crer o espectador que aquilo que vê e ouve, faz sentido.
 

[1] Técnica cinematográfica em que a câmara é iniciada e parada diversas vezes, sendo tirada uma foto de cada vez, para que os bonecos possam ser trocados de sítio ou movimentados. Essas fotos, dispostas em sequência, dão a ilusão de movimento.
[2] uma das imagens que compõe uma sequência de imagens. Para um segundo de filme são necessários 24 frames, que dão a ilusão de movimento, quando projetadas rapidamente e de forma contínua. Menos do que 24 imagens por segundo faz com que o movimento se torne errático, parecendo “saltar”.