O QUE IMPORTA É COMEÇAR…
No mês passado revisitámos o Centro Cultural de Belém (CCB) e o Museu Coleção Berardo, percorrendo a exposição «Dos Pés à Cabeça», com um grupo de docentes, com as crianças e famílias das turmas dos 5.º A e B, no âmbito do Complemento de Educação Artística (CEA) e as turmas dos 4.º A e B da Escola do Alto do Moinho, integradas no Programa PARTIS, numa parceria entre a Associação «Dança em Diálogos» e o Agrupamento.
Foi surpreendente ver como crianças, famílias e docentes se divertiram, aprenderam o modo como o corpo foi e é «visto» ao longo dos tempos. Conheceram alguns artistas e as maneiras como o representaram e representam: do desenho à pintura e da escultura ao cinema. Aprendemos a ver que os tempos e os seus contextos transportam dimensões políticas, sociais e culturais, para manifestação e expressão do corpo humano.
Foram várias viagens «fora da escola» que nos permitiram ver além do que já conhecemos e refletir sobre a importância do contacto com as diferentes experiências culturais, no sentido de aprendermos que existem perspetivas várias para a abordagem do que está «perto de nós», neste caso, o corpo humano, aliás, temática que assume especial relevância para a escola.
Esta relevância acerca do corpo suscitou-nos algumas reflexões sobre o modo como o «tratamos» na representação que fazemos dele: se é certo que no mundo artístico (…) a representação do corpo humano mudou, influenciada por um mundo em constante transformação (…), a temática do corpo, tão transversal às diversas disciplinas escolares, quer no âmbito das ciências, quer no âmbito das artes, não acompanhou as «novas ideias e formas de representação do corpo», fixando-se nos mais diversos estereótipos. Uns, relativos ao determinismo da idade, deixando as crianças representar sempre da mesma maneira, não se lhe abrindo outros horizontes imagéticos. Outros, relativos à aprendizagem de técnicas que valorizam a representação do corpo de acordo com «o que está certo anatomicamente, levando muitas crianças a terem medo de «fazer mal» e a manifestar a sua «falta de jeito», tal como foi verbalizado por várias crianças e adultos nestes encontros no museu.
Contudo, o incentivo ficou: há muitas maneiras de representar o CORPO. Não deixem de experimentar «Da cabeça aos pés» ou «Dos pés à cabeça», o que importa é COMEÇAR!