CIDADE(S) - ESPELHO(S) DE NÓS
(Originalmente publicado em janeiro/fevereiro 2023)
«CIDADE(S) – ESPELHO(S)» DE NÓS
No âmbito da formação «A(s) Cidade(s) como Laboratório(s) de Aprendizagem», recebemos o Arquiteto Víctor Mestre, que nos veio falar das cidades e das suas transformações e recordou como o tempo e as transformações sociais foram alterando as suas várias leituras.
Falou-nos das cidades como um «espaço público onde a população se vê ao espelho». Afinal, somos aquilo que vamos construindo…
Também nos lembrou de como, ao longo dos tempos, se foram construindo «discursos de fascínio» sobre as cidades e de como estes as transformaram em espaços exclusivos de alguns, dando, simultaneamente, lugar à «cidade de uns» e à «cidade de outros», seja pela via do turismo, seja pela «guetização» dos mais pobres, ou de quem procura uma “vida-outra».
Convidou-nos a pensar as cidades como espaços complexos e multiculturais, que devem ser observadas à luz de perspetivas, saberes e sentidos múltiplos, evitando, assim, a «exclusividade de olhares” e modos únicos de ver e pensar os espaços.
Fundamentalmente, fez-nos refletir sobre o modo como a habitamos, sobre o que sabemos da nossa cidade, deixando-nos com a seguinte pergunta?
– O que costumamos ver no caminho da nossa casa até ao local de trabalho?
Na sessão seguinte, continuamos com o Professor Tomás Patrocínio, entusiasta da(s) cidade(s) como «espaço(s) para aprender». Relatou a experiência do ano letivo anterior que desenvolveu com a turma do 5.º ano, na área disciplinar Complemento de Educação Artística (CEA), e sobre os processos que desenvolveu para os alunos aprenderem na cidade e com a cidade. Contou os resultados que obteve de todo esse trabalho, nomeadamente a exposição «Wepolis», que também teve os contributos dos grupos da Educação Pré-Escolar do Agrupamento.
Fez-nos pensar no que sentimos quando chegamos a uma cidade, pela primeira vez: os cheiros e os sabores; os sons e as cores; os céus e as terras; as noites e os dias.
Quase em jeito de conclusão, lembrou-nos:
A cidade deve ser vista com todos os sentidos, processo básico para a aprender, para a conhecer, para a saborear[1], isto é, para a SABER.
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[1] ‘Segundo o “Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa” de José Pedro Machado, a palavra saber vem do latim ‘sapere’, que significa «ter gosto; exalar um cheiro, um odor (…)
A palavra sabor, segundo o mesmo dicionário, deriva do latim ‘sapore’, que quer dizer “gosto, o sabor característico de uma coisa (…)
in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/etimologia-das-palavras-saber-e-sabor/15864 [consultado em 16-03-2023