Perder o Medo
Desde o início do ano letivo, as crianças trabalharam três peças de teatro: «Os Malefícios do Tabaco», um monólogo do escritor russo Anton Tchekhov, com adaptação de António Limpo; «A Cruzada das Crianças», de Afonso Cruz e «Esta história não começa por Era uma vez», de E. M.
Estes textos foram trabalhados, respetivamente, pelos alunos do 9.º E, do 6.º E, e do 3.º B, servindo de base ao desenvolvimento dos saberes relativos ao teatro. Ou seja, foi a partir dos textos que foram realizados os exercícios e as atividades relacionados com a comunicação (voz, respiração, colocação de voz, dicção, postura, a linguagem do corpo, a tomada de consciência do corpo e do gesto/movimento; o relacionamento com os outros; as relações entre o corpo e o espaço cénico, a improvisação, entre outros).
Esta experimentação prática, a partir dos três textos, foi integrada nas aulas dedicadas ao Teatro, uma vez por semana, tratando-se, assim, de um trabalho sistemático e intencional, no qual a Mostra, funcionou, para os alunos, como mais um exercício, desta vez, num palco, e com a presença das suas famílias.
Quisemos saber como se sentiram os vários grupos nesta experiência de palco.
Entusiasmadas, as crianças do 3.ºB, dizem-nos que se sentiram muito felizes, mas também ansiosas e nervosas. Outras, partilham que se sentiram envergonhadas, por nunca terem feito um teatro com público, outras ainda, referem que se «sentiram corajosas e sem medo de errar, porque sabiam que tinham os amigos para os ajudar».
Alguns pais choraram de emoção, contam-nos as crianças, e nós testemunhámos a alegria e o orgulho do professor Jorge Prata pelo desempenho dos seus alunos.
Já os alunos do 9.º E começam por dizer que trabalharam muito, mas que valeu a pena, por ter sido mais uma experiência nova, cujo resultado consideram «espetacular» e uma mais-valia pelo facto de o Teatro abarcar competências que estão presentes em várias dimensões da sua vida.
Referem-se à apresentação como mais uma etapa útil para quem é mais tímido, podendo, assim, «perder o medo» de falar em público, melhorando a dicção e a expressividade das palavras, dos gestos, dos sons, que aos poucos se transformam numa narração a ser partilhada com os outros.
Apesar de lhes sentirmos uma certa mágoa no olhar, talvez tivessem outras expetativas relativas ao processo da «passagem» à fase seguinte, retivemos o seu sorriso largo, quando nos falaram da sua participação: «Valeu a experiência independentemente de não termos participado na fase final». Com ar confiante e orgulhosos pelo seu desempenho reafirmam que valeu a pena pelos conhecimentos que aprenderam e pela surpresa da atualidade, e a pertinência social do monólogo escrito por Anton Tchekhov (1886/1904). Se bem que, como referem, “não lhes foi indiferente”, a estrutura, a sonoridade e a qualidade da peça.”
Sempre com imenso orgulho dos seus alunos e um brilho intenso no olhar, a professora Elvira Zanatti, professora de português do 9.ºE relata com entusiasmo que sentiu alegria e orgulho por ter desenvolvido, em conjunto com o Programa Cultural, um trabalho com uma base sólida, assinalando que «Foi mais um presente do que um trabalho». Sublinha, também, tal como os seus alunos, «o caráter vanguardista da peça, à época, pelos temas abordados e pela ousadia do monólogo».
Sentiu-se muito feliz pelo desempenho dos seus alunos, mas «tudo se pode melhorar». Intuiu-se, assim, das suas palavras, que o Teatro em contexto escolar não pode ser uma experiência fugaz, precisa de tempo e de muito trabalho, tal como acontece com as outras áreas.
Ainda de volta, ao grupo, todos são unânimes em dizer que gostaram da sua personagem, porque tiveram de aprender muito sobre ela, gostaram muito de se divertir nos ensaios, do espírito de grupo que criaram entre si, da união que estabeleceram uns com os outros e de perceberem que aprenderam a expressar-se melhor, a superar a timidez, a desenvolver a sua expressividade pelo modo como dizem as palavras e as frases, pelo trabalho feito na dicção.
Sentem, acima de tudo, que o objetivo é «ir mais à frente».
«O meu coração bateu cada vez mais rápido, a minha mente bloqueou, a minha voz tremeu, senti-me bastante nervoso a tremer e a suar», e, eu: «Esqueci-me da fala» (risos). Foi com estas expressões que duas das crianças do 6.º E, orientado pela Professora Rita Silvério, começaram a conversa sobre a apresentação pública da peça «A Cruzada das crianças» de Afonso Cruz. Mais adiante, juntam-se à conversa, outros meninos/as, para nos dizerem que se sentiram também muito nervosos, mas satisfeitos e felizes, porque acharam que a sua apresentação foi «muito bem feita», opinião que é partilhada por pais e avós. Também a professora Rita Silvério, vê nas palavras das crianças o eco do que sentiu, depois de um intenso trabalho, que esmeradamente levou do princípio do ano letivo até a seu termino. E, já no final desta animada conversa, são unânimes em considerar que se se continuarem a trabalhar assim irão melhorar bastante a maneira de estar em palco, e talvez também na vida. Agora, uma palavra de um profundo agradecimento aos docentes: Elvira Zanatti, Jorge Prata e Rita Silvério, que vai muito para além do trabalho realizado, mas, sobretudo, pela atitude empenhada de FAZER ACONTECER.
Parabéns a TODOS. Para o ano seremos ainda mais.
VAMOS VER O QUE ISTO DÁ
No âmbito da iniciativa AMADORA EDUCA, da Câmara Municipal, a turma do 5.º A levou até à Ilha Mágica do Lido um trabalho performático que cruzou as áreas da ciência e das artes. O objetivo era mostrar in loco como realizar uma escultura de cor, que, de cada vez que é feita, o seu resultado pode ser diferente, dependendo dos materiais e das quantidades que são utilizados, contudo foi necessário saber bem as regras da sua execução. Por isso, algum tempo antes, as crianças tiveram muito trabalho para a definirem as quantidades dos ingredientes (água, recipientes, o material que coloria cada recipiente, cores). Ensaiaram formas de erguer a estrutura e mantê-la estabilizada. Com grande entusiasmo, empenho e muito interesse, este grupo de crianças fez experiências na escola, preparou todos os elementos necessários, para que naquele dia pudessem apresentar «a cor das formas» e dessem ainda oportunidade a outros de participar. Chegados ao local, a azáfama foi grande e a alegria também. Estavam a ver «nascer» a construção de uma nova ideia, feita a partir do que já sabiam que poderia acontecer. Mas como, de experiência em experiência, os resultados não são iguais, tiveram todo o cuidado em transpor para a nova estrutura os conhecimentos adquiridos. Sabiam bem as regras, e, por isso mesmo, ousaram ultrapassá-las. «Mexeram» no tom das cores e estavam ávidos de chegar ao fim para verem: O QUE ISTO DÁ.
UMA HISTÓRIA DE POMBOS
Mais um sábado à tarde passado na cinemateca, desta vez com os pais e filhos das turmas dos 5.º B e C.
Esperavam-nos uma sala confortável, com um ambiente descontraído e o filme de animação, Valiant Bravos do Pombal (2005).
O filme conta a história de quatro pombos que se alistaram no Serviço Real dos Pombos-Correio (SRPC). Valiant, um pequeno pombo-correio que ambiciona ser um herói durante a II Guerra Mundial, em Inglaterra. Bugsy, um pombo da cidade que voa sobre Trafalgar Square e Lofty um pombo snob de Oxford.
Apesar de muito diferentes, Valiant e os seus inadaptados amigos alistam-se no prestigiado Serviço Real dos Pombos-Correio (SRPC).
A sua missão consistia em evitar as garras do ameaçador falcão, o General Von Torto, e recolher uma mensagem para lá das linhas do inimigo.
Será que conseguiram?