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O AMOR AO CINEMA

Projeção do filme Cinema Paraíso, Auditório Rainha Santa Isabel, SCMA (em cima). Foto de António Limpo. Stills do filme Cinema Paraíso, em baixo.
(originalmente publicado no boletim de novembro/dezembro 2023)
 

Já o Natal  se aproximava…
A tarde estava particularmente fria… com aquele cheiro a frio de inverno que nos convida a não sair de casa, neste caso, da escola… mas nem por isso  nos impediu  de nos deslocarmos até ao Auditório, que a Santa Casa da Misericórdia da Amadora gentilmente  nos cedeu para  assistirmos à projeção do filme «Cinema Paraíso»,  1988, do cineasta italiano Giuseppe Tornatore, considerado  por alguns «um marco da história do cinema e um dos filmes italianos mais conhecidos e amados».

Sentados, à espera, da hora marcada, como se de uma sala de cinema se tratasse, os estudantes dos 7.º e 9.º anos, das turmas de Teatro e de Cinema, no Complemento à Educação Artística (CEA), da responsabilidade da Professora Elvira Zanatti, respetivamente turmas D, E e B, estavam visivelmente entusiasmados e, ao mesmo tempo,  expectantes por ir ver uma obra que ainda não conheciam. Sim, essa foi uma opção, não haver preparação alguma sobre o que iam ver, tal como fazemos quando vamos ao cinema. Embora leiamos a sinopse deixamo-nos ir de olhar liberto. Posteriormente, poderemos conversar e trocar ideias com os nossos amigos, colegas e familiares, o que certamente aconteceu também com estas turmas. 
Deixámo-nos viajar…, ao som da música de Ennio Morricone, pelas imagens de Totó, um menino de olhos enormes e sorriso contagiante, que fugia para a sala do projecionista Alfredo, homem de um enorme coração,  que, por vezes, deixava transparecer as agruras de uma vida daqueles tempos difíceis. De olhar cúmplice, nunca deixou que o silêncio, de um tempo cheio de preconceitos, abafasse a força de saber que os sonhos  podiam ser difíceis, mas que valiam  a pena.

 Seguimos com os nossos olhares aquela infância cheia de pobreza  das amarguras do desaparecimento do pai na Segunda Guerra Mundial, num misto de sabor agridoce, pela beleza do cinema e a pobreza dos tempos. 

Acompanhámos, por aquelas estradas estreitas, o rodopio das entregas das «fitas»,  no ensejo de levar o cinema a mais gentes,  que queriam ver o que não os deixavam ver…
Assistimos, num fervor cálido, às primeiras experiências,  em busca do amor, que  a vida teimou em não  fazer chegar aos seus olhos transbordantes de Espera. 

Assistimos à sua partida e à sua chegada daquela terra na Sicília… por entre baladas finas de sons, que nos foram transportando para uma história de solidariedade  e DE AMOR AO CINEMA. 

Saímos, sem dizer palavra, embora se tivesse ouvido por entre algumas vozes na sala: 

–  Gostei… Não Gostei…