O AMOR AO CINEMA
Já o Natal se aproximava…
A tarde estava particularmente fria… com aquele cheiro a frio de inverno que nos convida a não sair de casa, neste caso, da escola… mas nem por isso nos impediu de nos deslocarmos até ao Auditório, que a Santa Casa da Misericórdia da Amadora gentilmente nos cedeu para assistirmos à projeção do filme «Cinema Paraíso», 1988, do cineasta italiano Giuseppe Tornatore, considerado por alguns «um marco da história do cinema e um dos filmes italianos mais conhecidos e amados».
Sentados, à espera, da hora marcada, como se de uma sala de cinema se tratasse, os estudantes dos 7.º e 9.º anos, das turmas de Teatro e de Cinema, no Complemento à Educação Artística (CEA), da responsabilidade da Professora Elvira Zanatti, respetivamente turmas D, E e B, estavam visivelmente entusiasmados e, ao mesmo tempo, expectantes por ir ver uma obra que ainda não conheciam. Sim, essa foi uma opção, não haver preparação alguma sobre o que iam ver, tal como fazemos quando vamos ao cinema. Embora leiamos a sinopse deixamo-nos ir de olhar liberto. Posteriormente, poderemos conversar e trocar ideias com os nossos amigos, colegas e familiares, o que certamente aconteceu também com estas turmas.
Deixámo-nos viajar…, ao som da música de Ennio Morricone, pelas imagens de Totó, um menino de olhos enormes e sorriso contagiante, que fugia para a sala do projecionista Alfredo, homem de um enorme coração, que, por vezes, deixava transparecer as agruras de uma vida daqueles tempos difíceis. De olhar cúmplice, nunca deixou que o silêncio, de um tempo cheio de preconceitos, abafasse a força de saber que os sonhos podiam ser difíceis, mas que valiam a pena.
Seguimos com os nossos olhares aquela infância cheia de pobreza das amarguras do desaparecimento do pai na Segunda Guerra Mundial, num misto de sabor agridoce, pela beleza do cinema e a pobreza dos tempos.
Acompanhámos, por aquelas estradas estreitas, o rodopio das entregas das «fitas», no ensejo de levar o cinema a mais gentes, que queriam ver o que não os deixavam ver…
Assistimos, num fervor cálido, às primeiras experiências, em busca do amor, que a vida teimou em não fazer chegar aos seus olhos transbordantes de Espera.
Assistimos à sua partida e à sua chegada daquela terra na Sicília… por entre baladas finas de sons, que nos foram transportando para uma história de solidariedade e DE AMOR AO CINEMA.
Saímos, sem dizer palavra, embora se tivesse ouvido por entre algumas vozes na sala:
– Gostei… Não Gostei…