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SIM, JÁ LÁ VÃO MUITOS SÉCULOS...

Instalações: Com olhares do presente no passado dos «Gabinetes de Curiosidades». Fotos de Helena Lopes e Rita Silvério.

(Originalmente publicado em novembro/dezembro 2023)

Na continuidade das ações desenvolvidas na formação «Pedagogia e Curadoria», cujo objetivo se centra na reflexão sobre as relações entre os conteúdos trabalhados em contexto escolar , independentemente das áreas curriculares, e os diferentes modos de os «dar a ver» , como já assinalámos na edição anterior, deixamos-vos agora com  algumas notas  sobre  o trabalhado desenvolvido, em conjunto, ao longo das várias sessões.  
«Guiados» pelos nossos olhares do presente, começámos por observar os Gabinetes de Curiosidades[1], ao mesmo tempo que encetámos uma reflexão sobre as conceções  que  estes modos  de reunir os objetos e de os mostrar «transportam» para os nossos dias  e  nas reminiscências  que ainda podemos encontrar …
Sim, já lá vão muitos séculos… mas será que lógicas de «acumulação», ou de «amontoado» de objetos[2],  enquanto  modos de organização, característicos daqueles locais e daquelas épocas  não  continuam um pouco presentes nalguns espaços das nossas vidas? Deixamos-vos com esta interrogação…
Fomos percorrendo o Tempo… olhando pelo Espaço das paredes de alguns primeiros museus, e constatámos outras razões para colecionar e outros «Modos de Mostrar»…
A viagem é longa…. A história das ideias é fértil mas, quase sempre, surpreendentemente vagarosa…
Estamos, agora, nos finais do séc. XIX, viajaremos até à segunda metade do séc. XX, e repousaremos nos nossos dias, para percebemos melhor as relações que tecem os caminhos de uma «equação» onde várias «incógnitas» se posicionam e (des)alinham : o espaço, as ideias e a  sua concretização,  em simultâneo,  com os  diferentes modos de « Mostrar»,  instaurando-se, assim, questionamentos acerca  do espaço formal de exibição pública  e dos valores dos sistemas das artes. 
Imbuídos por estes jogos de análise, feitos com os nossos olhares do presente, percebemos que estas várias «incógnitas» foram produzindo outros contextos expositivos, instigados pela subversão dos códigos e das normas estipuladas num passado, que talvez, demorasse  a ser presente.
 Neste momento, os leitores estarão a interrogar-se:
–  O que tem tudo isto a ver com a escola? 
Deixamos as tantas respostas a que esta pergunta  pode levar a  cada um de vós. O nosso desejo é que cada um possa refletir melhor sobre modo como os espaços de exposição, ou outros, interferem no posicionamento da escola, face à de Educação, em geral, e à educação artística,  em particular. 

 
[1] (XV-XVII), Kunstkammer e Kunstkabinett, em alemão), quarto das maravilhas ou gabinetes das maravilhas (Wunderkammern, em alemão).
[2] Objetos relacionados com a biologia, a geologia, etnografia, arqueologia, relíquias religiosas ou históricas, instrumentos científicos, obras de arte e antiguidades; (mapas livros, relíquias, ossos).