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APRENDI QUE A CIDADE NÃO É SÓ HISTÓRIA E GEOGRAFIA, É MUITO MAIS DO QUE ISSO...

Colagem s/título. R.S.

“APRENDI QUE A CIDADE NÃO É SÓ HISTÓRIA E GEOGRAFIA, É MUITO MAIS DO QUE ISSO…”

Entrevistámos a professora Rita Silvério, professora de Português, com o objetivo de nos falar sobre o processo vivenciado, ao longo deste ano letivo, na Oficina de Formação: «A(s) Cidade(s) como Laboratórios de Aprendizagem». 
Quisemos conhecer um pouco dos seus gostos pessoais e ficámos a saber que gosta de escrever,  de ir ao cinema, de fotografar, de ler, principalmente Fernando Pessoa e Sophia de Mello Breyner Andresen.  Ultimamente, diz-nos, que descobriu Afonso Cruz. Gosta de participar na vida da escola e ajudar em vários projetos noutras organizações. Agrada-lhe viver a vida numa atitude proativa, mas gosta de «Ter tempo para a vida». 
Quanto à formação, adianta-nos que, quando se inscreveu, agradou-lhe o facto de esta ser presencial, de ser realizada na própria escola e de ser desenvolvida ao longo do ano, o que lhe proporcionaria o desenvolvimento de atividades práticas com os seus alunos, nas quais estes fossem chamados a desempenhar um papel ativo.  Agradou-lhe o facto de ser destinada a todos os níveis de ensino, possibilitando-lhe, assim, conhecer colegas novos, principalmente, os colegas da Educação Pré-escolar e do 1.º ciclo. Mas a razão maior, como nos diz, foi o facto de querer sair da sua «zona de conforto» e acabar com a ideia de não ser capaz de fazer certas coisas, além de querer perceber como podia transmitir ideias com outras linguagens: música, dança, pintura, entre outras formas de vivenciar o mundo, e como estas se podem integrar na temática das cidades». Ao longo deste processo, diz-nos que se foi apercebendo como o conceito de cidade é complexo e multidimensional, muito abrangente, não se tratando apenas de «(…) História e Geografia, é muito mais do que isso: é literatura, pintura, dança, matemática, entre outras áreas.  
Folheando os seus apontamentos, num vaivém entre o que tinha vivido nas sessões e a reflexão que, agora, no final lhe é possível fazer, enumera alguns conteúdos trabalhados, destacando as perspetivas históricas de análise do conceito de cidade, a sua evolução e transformações e, sobretudo o modo como estas podem ser vistas como metáforas de livros que se leem para conhecer, viver e aprender. 
Neste exercício de reflexão, onde a sala de aula e os seus alunos estão sempre presentes, observa como é possível trabalhar esta temática com as crianças, a partir de perspetivas diversas e de outros modos de fazer, levando-os à descoberta de outros saberes.Não deixa de lembrar as Cidades Invisíveis “construídas” pela escrita de Italo Calvino, obra que esteve na base da formação, recordando-as como um misto de estranheza e de beleza. De estranheza, talvez pelo desconhecido, beleza, pelos mundos imaginários que tornaram visíveis outros sentidos das cidades. 
Mesmo com o cansaço do dia-a-dia, regressava à escola pelas 17h, confessando que, por vezes, lhe custava voltar a esta hora e só ir para a casa à noite, mas, depois de cada sessão vivida num ambiente descontraído, de partilha de experiências e de saberes, sentia a compensação do esforço. Refere que se sentia mais confiante, e em tom de desabafo consigo própria, pensava: – Afinal eu sou capaz, eu consigo!  
Em paralelo com a formação investiu nas suas práticas algumas ideias e sugestões, apercebendo-se que as crianças gostavam, eram muito criativas e capazes de propostas desafiantes, desde que devidamente acompanhadas.
Considera a presença dos três convidados, arquiteto Victor Mestre, professor Tomás Patrocínio e o coreógrafo Fernando Duarte, como experiências muito significativas, referindo que, através de algumas das referências que cada um mencionou, lhe foi possível refletir como a cidade é um lugar de aprendizagens, de encontros e desencontros, de cores e de sons, de linhas visíveis e invisíveis que traçam os movimentos do tempo. Do tempo que vai passando e do que há de vir. De como “A cidade é onde a sociedade se vê ao espelho”, e de como podemos visualizar uma cidade em movimento, transformando-a numa cidade dançada, desde que se ouse transpor ideias fechadas num «passado – presente», mas para isso É PRECISO CORAGEM PARA CRIAR…. 

"Transparências na Cidade", Anabela Martins, Isabel Cristovão, Natália Machado, Rosa Oliveira, Vânia Mota (em cima à esquerda). "Cidade Espelho", Fátima Veleda, Isabel Rodrigues, Lucília Carneiro, Rita Cardoso (em cima e em baixo, à direita), "A Cidade em Movimento", Ana Teresa Veloso, Graça Gerardo, Iolanda Carvalho, Isabel Caetano, Rita Silvério, Susana Castanheira (ao centro) e "A Luz da Cidade", Ana Almeida, Ana Margarida, Ana Raquel (em baixo, à esquerda). Fotos de António Limpo.