NAQUELA "ASSEMBLEIA-TEATRO"...
(originalmente publicado no boletim de setembro/outubro 2023)
Em «Peço a Palavra» éramos muitos, digo éramos, porque as crianças que enchiam a sala do Teatro LU.CA eram levadas a fazer parte daquele parlamento, onde o debate do dia incidia sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Tal como é afirmado na folha de sala do espetáculo: a partir do artigo 1: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”, e, é a partir desta universalidade do discurso que se debatem as singularidades de cada um, no fundo: o direito a “sermos quem quisermos ser”.
Mas como se formalizam e operacionalizam os discursos na vida de todos nós, neste caso dos adolescentes? O que fazem os políticos? E o que fizeram à sua vontade de mudança dos seus tempos de adolescentes? O que foi feito da força de todos nós? O que foi feito da força de mudar o mundo?
O que foi feito da «vontade de mudança, quando ocupamos lugares de poder?»
Seduzidos pelas luzes que desenhavam momentos marcantes destas interrogações e imbuídos pela projeção, em tempo real, de cada personagem que dizia o que não fazia à vista de todos nós, as crianças deixaram-se viajar, por vezes, em sobressalto, pelo presente dos seus dias, naquela «Assembleia -Teatro».
Estava um dia chuvoso. Mas a vontade de ir ao Teatro era muita. E nada demoveu os professores e as crianças das turmas A e C do 5.º ano de irem assistir e participar com quem ajuda a aprender a «Pedir a Palavra».
* Criação e Texto Teresa Coutinho