PARTILHA COM AS FAMÍLIAS QUANDO O VENTO CHEGOU
PARTILHA COM AS FAMÍLIAS QUANDO O VENTO CHEGOU
Tal como havíamos prometido nas edições anteriores, chegou a altura de mostrarmos às famílias o resultado do trabalho dos subprogramas desenvolvidos, no âmbito da Educação Artística, ao longo do ano letivo, realizados, de um modo sistemático, com os docentes da Educação Pré-escolar e do 1.º ciclo.
Também como já havíamos dito, estes subprogramas cruzaram, intencionalmente, as artes visuais, a dança, e a poesia, partilharam conhecimentos, deram voz às crianças na cocriação de conteúdos.
Vamos então mostrar os trabalhos desenvolvidos no âmbito do projeto: E QUANDO O VENTO VIER, com os grupos de crianças da Educação Pré-escolar da EB1/JI Quinta Grande, da responsabilidade da Educadora Ana Teresa Veloso e do 1.º ciclo do ensino básico, da responsabilidade das professoras Raquel Velez e Sónia Lisboa, respetivamente das EB1/JI de Alfragide e da Quinta Grande.
Partilhamos também o trabalho no âmbito das Artes Visuais, realizado com a turma do 2.º ano B, da responsabilidade da professora Patrícia Parente da EB1/JI da Quinta Grande, denominado: OBJETOS PARA QUE VOS QUERO?
E O VENTO CHEGOU…
Foi nos primeiros dias de maio que as famílias das crianças do JI e do 2.ºA da Quinta Grande, e do 4.º B de Alfragide entraram na escola e puderam ver a mistura de cores e de formas, por entre os ramos verdes de uma árvore, que rodopiavam ora ao sabor de uma brisa doce trazido pelo vento, ora, em grande movimento pela força com que este soprava. Em bom rigor, as crianças não sabiam como ia estar o vento, no dia em que mostrassem as suas Instalações, por isso nos textos poéticos coletivos iam perguntando e antecipando cenários:
E quando o vento vier?
(…)
[As formas] vão cair?
Vão voar?
Vão perder as cores?
Vão-se embora?
Vão mudar de cor?
(…)
Não tardou a música a chegar pelas mãos do compositor Philip Glass, no seu álbum Opening, e as crianças ansiosas revisitavam na sua memória outras frases dos poemas que tinham construído:
(…)
Leve-me consigo a voar
as folhas das árvores caem
caem… caem…
E começam a voar!
Comecem a rodopiar
E não param de baloiçar…
(…)
E os passos acertados da dança rodopiavam ao sabor da música, que ora mais lenta, ora mais movimentada lhes dava o compasso e o andamento para se movimentarem, em gestos ritmados, que tanto lembravam o poema, quanto lembravam o vento.
Mas o vento trouxe consigo também a banda portuguesa: Dead Combo, no seu álbum: O Assobio (Canção do Avô) – Ode Marítima, e devagar, devagarinho as formas e as folhas nas árvores pintadas em tons multicolores abriram-se ao azul do céu e…
(…)[ voam] muito alto,
vão tornar-se nuvens,
fazendo um tornado de formas.
Atirando-se em grande rodopio pelo ar.
As cores misturam-se!
E de repente…
o vento parou!
Mas… as formas não caíram!
Continuaram a flutuar!
(…)
E, TODOS AO SABOR DO VENTO, NO CÉU FITARAM O OLHAR.
OBJETOS PARA QUE VOS QUERO?
Houve grande azáfama, naquela tarde de maio, para ultimar todos os preparativos para mostrar a exposição às famílias.
O tempo passava muito rápido e nós ainda tínhamos tantas coisas para fazer…
Sentados em forma de círculo, um a um íamos concluindo as diferentes tarefas.
Estava uma tarde cinzenta e chuvosa, mas nós sabíamos que os nossos pais, à hora certa, chegariam.
O átrio da entrada da EB1/JI da Quinta Grande foi muito pequeno para acolher todos.
Então, em conjunto, explicamos aos nossos pais o que era uma Assemblage. Estávamos ansiosos por contar o que tínhamos aprendido. Mas, claro tínhamos que por o dedo no ar, senão ninguém se entendia. Um menino começou por dizer que era uma união de objetos, o outro, de seguida, acrescentava que tinham que se juntar de uma forma que não caíssem, encaixando-os uns nos outros, uma menina adiantava que os objetos estavam no seu estado original, que não era preciso alterá-los, mas que, em conjunto, faziam coisas diferentes.
Os pais estavam orgulhosos de ouvir e de ver aquelas brincadeiras de crianças, feitas a partir dos objetos de cozinha que lhes tinham deixado trazer para a escola.
E, agora, o que faço com este tacho? E, logo alguém pegou numa colher e bateu um ritmo. Todos repetiram. Depois, outra pessoa pegou numa tigela e num garfo e bateu outro ritmo e outro e outro, animadamente, pais e filhos repetiram. E, ainda outro. E mais outro…Parecia que íamos fazer uma orquestra com os nossos tachos, tigelas, garfos e colheres…
Quando demos conta, era quase noite!