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ENCONTRAR OUTRAS FORMAS DE FAZER ACONTECER

Montien Boonma. House of Hope. 1996–97. Herbs, spices, natural binders, cotton string, painted wood, and steel, 13' 1 1/2" x 9' 10 1/8" x 19' 8 1/4" (400 x 300 x 600 cm). Gift of Dakis and Lietta Joannou. © 2024 Montien Boonma. Courtesy of the Montien Boonma Estate

ENCONTRAR OUTRAS FORMAS DE FAZER ACONTECER 
 
A formação Curadoria e a Pedagogia desenvolvida ao longo deste ano letivo, como temos vindo a dar nota, abriu um vasto espaço de diálogo e de questionamento sobre os sentidos e os modos de expor os trabalhos das crianças e dos jovens nos contextos escolares.   
Fomos construindo, ao longo do tempo, diferentes processos e abordagens que permitiram aprofundar as relações entre os conteúdos trabalhados e as formas de os «dar a ver», e, especialmente, permitiu-nos refletir sobre a Curadoria como um itinerário formativo para o qual concorrem uma multiplicidade de conhecimentos, permitindo-nos perceber que a relação entre  os trabalhos feitos e a exposição que se faz deles não é um mero exercício  decorativo e ilustrativo de um qualquer tema trabalhado ao serviço, algumas vezes, de «encomendas» pessoais ou institucionais1. Por conseguinte, esta relação exige uma busca incessante de procura de sentidos entre o que se faz e o que se «dá a ver». 
Conscientes de que esta busca de sentidos se faz de múltiplos conhecimentos, experiências e vivências, fomos, ao longo do tempo, procurando  territórios que nos  desafiassem a encontrar outras formas de fazer acontecer.    
Decidimos fazer mais uma viagem.  Desta vez, a Nova Iorque visitar vários museus. É com este itinerário que vos deixamos no final deste ano letivo.   

No MoMA. Fotografia de Rita Cardoso.

Começámos pelo MoMA.
Entrámos numa «Obra Aberta», onde couberam os nossos gestos e pensamentos, exteriorizados pelos sorrisos e pela postura contemplativa da «Obra em Si», agora feita por nós. 

No MoMA. Fotografia de Rita Cardoso.
No MET. Fotografia de Rita Cardoso.

As ruas de Nova Iorque convidavam a andar, a olhar e a caminhar…

Já no Metropolitan, aconchegamo-nos por entre obras de várias épocas, onde o cruzamento dos tempos dá espaço a outras ideias e planos, a outros caminhos e percursos, a outros modos e de pensar que projetam as sombras num «Tempo-Outro» e desenham outras formas, outros traços, outras maneiras de olhar.  

No MET. Fotografia de Rita Cardoso.

Outras maneiras de olhar o Passado neste Presente, de perceber que os tempos se fazem e se refazem. 

Páramos em frente ao conjunto escultório que representa os seis respeitáveis cidadãos de Calais que, em 1346-13-27, ofereceram as suas vidas ao Rei Eduardo III de Inglaterra, para que levantasse o Cerco à cidade  

Ouvimos a narrativa… olhamos para a chave grande na mão, nos olhares distendidos no ar e na subtileza dos gestos que transformam as mãos.

Bem ao nível do espectador, estes seis notáveis aguçam a curiosidade para ouvir a história que eles querem contar ao mundo, através das variações das luzes e das sombras moldadas por Rodin, uma forma de criar pensamento, segundo ele. 

De olhos atentos, naquele espaço amplo e quase branco, da galeria, no piso 1 do MET, ouviram resumidamente: As figuras exprimem a nobreza do homem comum, que num gesto de cidadania oferece a vida pela liberdade da sua cidade

MET. The Burghers of Calais, Bronze. Auguste Rodin (1840-1917), French. (Saint-Rèmy- lès- Chevreux). Modeled 1884-954, cast 1985. Fotografia de Rita Cardoso.

Um pouco à frente, e entrávamos num edifício que nos convida andar às voltas, que nos convida a ver para cima e a ver para baixo, a ver sobre nós e à volta de nós.  Vamos, em passos curtos, embalados pelo que vemos, flutuando por entre tantas imagens e ideias. Numas demorámos mais, noutras menos, olhamos como queremos, sem pressas, sem amarras.  Vamos recordando os trabalhos que fizemos durante o ano, mesmo ali tão longe… indo buscar ao nosso pensamento as imagens do que fizemos com as crianças e do que fizemos connosco! Sim, o que fizemos connosco é, porventura tão ou mais importante…

No Museu Guggenheim. Fotografia de Rita Cardoso.

Deparámo-nos com várias obras que podem causar estranheza, porque os nossos horizontes visuais estão “treinados” para quererem ver aquilo que sempre viram….
Mas, nesta procura de sentidos e de itinerários diferentes, que desafiem as convenções quer na arte, quer na vida, olhámos maravilhadas para esta mesa, posta, como que um convite ao repouso…

Sentámo-nos a meditar sobre o que vai dentro de nós! Sobre a Artes e as Ciências. Sobre tantas maneiras de fazer!

Deslumbramo-nos com as palavras e frases escritas, em movimento, movendo-se em ritmos iluminados em “Light Line”, fazendo com que o nosso corpo quisesse assistir aquelas paisagens escritas de palavras e frases, pre(Textos) que nos transportam para outras viagens, para outros lugares, para outras ideias.  Tudo fluiu num jogo de formas e de cores que nos convida a ficar… A OLHAR…

Guggenheim.org | Jenny Holzer: Light Line

Sim, a ficar… A OLHAR…