ENCONTRAR OUTRAS FORMAS DE FAZER ACONTECER
ENCONTRAR OUTRAS FORMAS DE FAZER ACONTECER
A formação Curadoria e a Pedagogia desenvolvida ao longo deste ano letivo, como temos vindo a dar nota, abriu um vasto espaço de diálogo e de questionamento sobre os sentidos e os modos de expor os trabalhos das crianças e dos jovens nos contextos escolares.
Fomos construindo, ao longo do tempo, diferentes processos e abordagens que permitiram aprofundar as relações entre os conteúdos trabalhados e as formas de os «dar a ver», e, especialmente, permitiu-nos refletir sobre a Curadoria como um itinerário formativo para o qual concorrem uma multiplicidade de conhecimentos, permitindo-nos perceber que a relação entre os trabalhos feitos e a exposição que se faz deles não é um mero exercício decorativo e ilustrativo de um qualquer tema trabalhado ao serviço, algumas vezes, de «encomendas» pessoais ou institucionais1. Por conseguinte, esta relação exige uma busca incessante de procura de sentidos entre o que se faz e o que se «dá a ver».
Conscientes de que esta busca de sentidos se faz de múltiplos conhecimentos, experiências e vivências, fomos, ao longo do tempo, procurando territórios que nos desafiassem a encontrar outras formas de fazer acontecer.
Decidimos fazer mais uma viagem. Desta vez, a Nova Iorque visitar vários museus. É com este itinerário que vos deixamos no final deste ano letivo.
Começámos pelo MoMA.
Entrámos numa «Obra Aberta», onde couberam os nossos gestos e pensamentos, exteriorizados pelos sorrisos e pela postura contemplativa da «Obra em Si», agora feita por nós.
As ruas de Nova Iorque convidavam a andar, a olhar e a caminhar…
Já no Metropolitan, aconchegamo-nos por entre obras de várias épocas, onde o cruzamento dos tempos dá espaço a outras ideias e planos, a outros caminhos e percursos, a outros modos e de pensar que projetam as sombras num «Tempo-Outro» e desenham outras formas, outros traços, outras maneiras de olhar.
Outras maneiras de olhar o Passado neste Presente, de perceber que os tempos se fazem e se refazem.
Páramos em frente ao conjunto escultório que representa os seis respeitáveis cidadãos de Calais que, em 1346-13-27, ofereceram as suas vidas ao Rei Eduardo III de Inglaterra, para que levantasse o Cerco à cidade
Ouvimos a narrativa… olhamos para a chave grande na mão, nos olhares distendidos no ar e na subtileza dos gestos que transformam as mãos.
Bem ao nível do espectador, estes seis notáveis aguçam a curiosidade para ouvir a história que eles querem contar ao mundo, através das variações das luzes e das sombras moldadas por Rodin, uma forma de criar pensamento, segundo ele.
De olhos atentos, naquele espaço amplo e quase branco, da galeria, no piso 1 do MET, ouviram resumidamente: As figuras exprimem a nobreza do homem comum, que num gesto de cidadania oferece a vida pela liberdade da sua cidade.
Um pouco à frente, e entrávamos num edifício que nos convida andar às voltas, que nos convida a ver para cima e a ver para baixo, a ver sobre nós e à volta de nós. Vamos, em passos curtos, embalados pelo que vemos, flutuando por entre tantas imagens e ideias. Numas demorámos mais, noutras menos, olhamos como queremos, sem pressas, sem amarras. Vamos recordando os trabalhos que fizemos durante o ano, mesmo ali tão longe… indo buscar ao nosso pensamento as imagens do que fizemos com as crianças e do que fizemos connosco! Sim, o que fizemos connosco é, porventura tão ou mais importante…
Deparámo-nos com várias obras que podem causar estranheza, porque os nossos horizontes visuais estão “treinados” para quererem ver aquilo que sempre viram….
Mas, nesta procura de sentidos e de itinerários diferentes, que desafiem as convenções quer na arte, quer na vida, olhámos maravilhadas para esta mesa, posta, como que um convite ao repouso…
Sentámo-nos a meditar sobre o que vai dentro de nós! Sobre a Artes e as Ciências. Sobre tantas maneiras de fazer!
Deslumbramo-nos com as palavras e frases escritas, em movimento, movendo-se em ritmos iluminados em “Light Line”, fazendo com que o nosso corpo quisesse assistir aquelas paisagens escritas de palavras e frases, pre(Textos) que nos transportam para outras viagens, para outros lugares, para outras ideias. Tudo fluiu num jogo de formas e de cores que nos convida a ficar… A OLHAR…
Sim, a ficar… A OLHAR…